Neste blog compartilho páginas de minha vida. Exponho minhas experiências, aprendizados, interesses, preferências, críticas, opiniões e também o meu dia-a-dia.
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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Nossa Senhora de Lourdes

  Este post, o primeiro do ano, é muito longo, porém muito especial. Acredito sinceramente que vale à pena lê-lo com atenção até o final, mesmo que você não acredite em nada do que nele está escrito. A mensagem de Nossa Senhora, nas suas aparições na França à jovem Bernadette, ou em qualquer outra parte do mundo, é sempre algo que encanta, nos enche de fé, de amor, eleva nossa alma, traz uma lição de humildade, nos ensina que o importante é ser bom, rezar, amar a Deus sob todas as coisas e a teu próximo. A visita da nossa Mãe do Céu é uma dádiva e ela vem para termos sempre a certeza de que está intercedendo por nós junto a Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Filho e nosso Pai.
Te convido humildemente que embarque comigo nessa linda história de Amor e Fé!
BOA LEITURA!!

 


Aparição de Nossa Senhora em Lourdes, França -  (1858)

DATAS DAS APARIÇÕES: (1858)

Fevereiro: Dias 11; 14; 18; 19; 20; 21; 23; 24; 25; 27; 28
Março: Dias 01; 02; 03; 04; 25
Abril: Dia 07
Julho: Dia 16 


Lourdes é uma pequena cidade localizada no sudoeste da França, nos Montes Pirineus. No local das aparições, um povoado, passa o Rio Gave. Ao lado do rio está o rochedo "Massabielle". Embora seja chamada de gruta, na verdade ela é constituída de uma acentuada concavidade oval na rocha, e é chamada de "Gruta Massabielle", onde Nossa Senhora apareceu 18 vezes no ano de 1858.

 As Aparições da Virgem Maria em Lourdes no início foram muito controversas. Na realidade, a camponesa Bernadette Soubirous, então uma menina com 14 anos de idade, de família muito pobre, foi tratada pelas autoridades com muito menosprezo. Seus pais eram trabalhadores temporários cuja moradia era alugada e foi descrita, num relato feito por um correspondente da época, logo após as primeiras aparições, como um "cômodo sujo e sombrio", num prédio que um dia funcionou a cadeia do povoado, então abandonada por falta de condições sanitárias para os criminosos. O promotor de Lourdes descreveu a família Soubirous como “gente miserável”, cuja linhagem, inspirava "não só desconfiança como nojo”.

          Santa Marie Bernard - Bernadette Soubrous - nasceu em 7 de janeiro de 1844, no povoado de Lourdes, França. Era a primeira de vários irmãos. Seus pais viviam em um sótão úmido e miserável e o pai tinha por ofício coletar o lixo do hospital. Esta jovem sofria de asma, tinha tendência à tuberculose e quase sempre vivia doente


 Gruta de Massabieille em 1858

             
História da Aparição


1ª Aparição - 11 de fevereiro de 1858. Quinta Feira, um dia como os outros. Era inverno. Às 11 horas da manhã Bernadette observou que tinha acabado a lenha. Seu pai estava ainda deitado. Não tinha trabalho. Economizava as forças para outro dia. O tempo não era convidativo para sair de casa. Chuviscava e havia nevoeiro. Logo apanhou sua capa, chamou sua irmã Antonieta Peyret e convidou Joana Abadie, uma moça robusta e forte que morava no mesmo povoado, para acompanhá-las.
A mãe proibiu: "Bernadette, não".
Louise Castérot pensava no frio que fazia e que poderia trazer conseqüências à asma de sua filha. Mas ela insistiu carinhosamente, dizendo-lhe que teria cuidado para não se molhar e que iria com o capuz branco e o chale. A mãe concordou.
Saem as três meninas no afã de cumprirem a tarefa. Passam pela ponte do canal que movimenta o moinho Savy e chegam na ponta de areia do Rio Gave. À esquerda levanta-se uma rocha íngreme com uma gruta na base. É a chamada "Gruta Massabieille".  A água do canal que movimenta os moinhos, banha-lhe o lado esquerdo e segue em direção ao Rio Gave.
Joana, a amiga de Bernadette, passa para o outro lado do canal com o pequeno feixe de lenha na cabeça. Antonieta, sua irmã, faz o mesmo, levando a lenha na mão. Como já do outro lado as duas se manifestaram dizendo que a água do canal estava muito gelada, Bernadette permaneceu ali, sem saber o que fazer, com receios de pisar na água fria, por causa da asma, lembrando-se das recomendações de sua mãe.
Enquanto as duas corriam pela areia do rio à procura de lenha, ela, depois de procurar sem êxito um lugar melhor para atravessar, sentou-se na margem do canal, em frente à gruta, tirou uma das meias e preparava-se para tirar a meia do outro pé, quando de repente, ouviu um barulho, como se fosse um sopro de vento. Não vê nada.
Olhou para trás e observou que as folhas das árvores não se moviam. Apareceu uma "luz suave" que iluminou profusamente todo aquele lugar sombrio e no meio dela, surge uma Senhora maravilhosa, aparentando a  idade de 16 a 18 anos. Estava de pé, vestida de branco. O véu que cobria a cabeça descia até os pés; em redor da cintura tinha uma estreita faixa azul; no braço direito levava um terço; mantinha as mãos juntas e, nos pés, via-se duas rosas douradas. Abre os braços num gesto de acolhimento, como quem convida à aproximar-se. Ela fica espantada. É como se tivesse medo, "não para fugir, explica melhor, mas pela emoção do inusitado e adorável encontro". Esfregou os olhos diversas vezes, para inteirar-se que não era um sonho e que realmente estava diante de uma visão encantadora, que lhe sorria afetuosamente.
Então conta, Bernadette:
- Coloquei a mão no bolso e encontrei o terço. Queria fazer o Sinal da Cruz, mas não pude levar a mão até à cabeça. A mão caiu-me. O espanto apossou-se de mim mais fortemente, a minha mão tremia. A visão fez o Sinal da Cruz. Então tentei a segunda vez. E então consegui. Logo que fiz o Sinal da Cruz, a grande comoção que sentia desapareceu. Pus-me de joelhos e rezei o terço na presença dessa linda Senhora. A Visão fazia passar as contas do seu terço com os dedos, mas não mexia os lábios. Quando acabei o terço, ela fez um sinal para aproximar-me. Mas não ousei. Então desapareceu de repente". 
Depois do extraordinário acontecimento, Bernadette sentiu uma imensa felicidade que envolveu completamente a sua alma de uma deliciosa satisfação que lhe tirava todas as forças, para qualquer iniciativa.
Atravessou o canal sem dificuldades, as águas estavam ligeiramente "aquecidas". Sentou-se numa das grandes pedras que se encontravam na entrada da gruta e permaneceu silenciosa e pensativa. Voltam suas companheiras com uma boa provisão de lenha e começam a dançar e pular na entrada da gruta, para comemorar o êxito da missão.
Não gostando de vê-las assim, para distraí-las pergunta:
- Não viram nada?
- Não. E tu, que é que viste?
Ela compreende o mistério que acabava de acontecer e sente que terá que guardar este segredo, e por isso muda de assunto:
- Sois umas mentirosas. Vocês disseram que a água do canal estava fria, achei-a agradável, estava morna.
Antonieta e Joana não a levaram a sério, porque quando atravessaram o canal, a água estava tão gelada, que do outro lado tiveram que esfregar os pés, fazendo massagem para aquecê-los.
Bernadette sentindo necessidade de falar, de contar aquela maravilhosa experiência, conta tudo a Antonieta. Mas a irmã não acredita e pensa que Bernadette está querendo incutir-lhe medo. Pega a lenha e também acelera o passo para casa. Mas o caso dá para pensar, porque o acontecido é por demais singular. Antonieta apesar de ter prometido guardar segredo, em casa, na primeira oportunidade, "bate com a língua nos dentes" e conta tudo à sua mãe. Louise Castérot fica assustada e quer saber toda história e muito direitinho, por isso convoca a filha. Entre o susto e o medo, ela quase nada falou. Sua mãe a repreende por tal comportamento e o pai, que ainda estava deitado, acrescenta que não quer os olhares dos outros caçoando de ninguém da família.
À noite, na hora das orações, chorou muito, estava bastante comovida com tudo o que lhe havia acontecido. Sua mãe faz-lhe outras perguntas, mas ela nada respondeu. Entretanto, no dia seguinte ela sente-se atraída a voltar à gruta. A mãe não lhe deixa e imperiosamente ordena: "Para o trabalho". Ela obedece. 
Na tarde de sábado, dia 13, decide ir confessar-se. Conta tudo ao Padre Pomian, seu confessor, que silenciosamente ouviu o depoimento. Depois perguntou-lhe, se podia contar ao Abade Peyramale, pároco de Lourdes. Ela consentiu. 

2ª Aparição - 14 de fevereiro. No domingo dia 14, depois da Missa, as suas colegas resolvem ir a sua casa, pedir consentimento para que ela voltasse à Massabieille, pois desejavam ver também o que ela tinha visto. A mãe não permitiu. Todavia depois de muita insistência das meninas, mandou que conversassem com o pai. Com muito jeito conseguiram autorização para se ausentarem somente por um tempo de 15 minutos. E como tinham receios de ser alguma aparição maldosa, decidiram levar um frasco com água benta. Dividiram-se em dois grupos e foram para a gruta. Bernadette chegando primeiro com o seu grupo, ajoelhou-se e começou a rezar o terço, enquanto as suas companheiras ficaram de pé ao seu lado. Na segunda dezena de mistérios do terço, sua face mudou. Seus olhos brilharam fortemente e ela falou para as colegas:
- Hei-la! O terço está no seu braço... Ela olha para nós!
As companheiras não viram nada. Rapidamente Bernadette apanha o frasco com água benta que estava nas mãos de Maria Hillo e asperge com vigor na direção do vulto, ao mesmo tempo em que o esconjurava:
- Se vem da parte de Deus, fique, se não, pode ir embora!
Afirmou posteriormente:
- Quanto mais eu a regava, mais ela sorria e gastei todo o frasco.
A seguir entrou em êxtase. Empalidece, não ouve mais o que as outras dizem. As amigas assustadas observam as suas reações. Suas companheiras acabaram por ficar preocupadas e por isso chamaram Nicolau, o moleiro do moinho de Savy, para retirá-la dali. Mas não foi fácil, porque parecia que ela tinha uma barra de ferro amarrada ao corpo, porque o seu peso aumentou consideravelmente. Com muito esforço transportou-a nos braços pelo caminho, enquanto ela mantinha um sorriso nos lábios e os olhos fixos num ponto do céu.
As meninas foram para as suas casas e as notícias chegaram até Lourdes.
Segunda-feira dia 15, foi um dia terrível porque além de sofrer críticas, suas colegas caçoaram dela. Mas houve pessoas que se interessaram pelo caso da gruta como no caso de Madame de Millet, uma senhora da sociedade local. Decidida a conhecer a verdade, Madame de Millet conquistou Louise, mãe de Bernadette, dando-lhe trabalho e a convenceu a deixar sua filha voltar à gruta, em sua companhia.




3ª Aparição - 18 de fevereiro de 1858. Às 5 horas da manhã de quinta-feira, dia 18, Madame de Millet, em companhia de Antonieta Peyret, encontraram-se com Bernadette, que ainda estava dormindo. Depois participaram da primeira Missa e desceram para a gruta. Antonieta levou consigo caneta e tinteiro do pai, e também papel, para a visão escrever o seu nome.
Mal começaram a rezar o terço, a vidente murmurou:
- Ela está aí!
Terminado o terço, Antonieta entrega-lhe a caneta e o papel. Inocentemente Bernadette leva aqueles instrumentos em direção à Aparição, que chamava de "Aquèro" (aquela) e lhe faz a solicitação combinada:
- Quer ter a bondade de escrever o seu nome? A Aparição aproximou-se dela, passando por uma fenda no nicho e da conversa de ambas, nunca se soube nada.
Mais tarde ela contou que, sorrindo, a Aparição lhe disse "que não era preciso escrever" e pediu-lhe que voltasse ali: 
-  Quer ter a amabilidade de vir aqui durante 15 dias? 
Foi a primeira vez que ouviu a maravilhosa voz da Dama e concordou imediatamente em voltar à gruta para encontrá-la.
Foi nesta mesma ocasião que a Visão lhe falou: 
- Não prometo tornar-te feliz neste mundo, mas no outro. 
No caminho de volta, pensativa, Madame de Millet interrogou:
- E se fosse a Santíssima Virgem Maria?
As noticias espalharam-se. São formuladas as mais diversas hipóteses sobre o que vai acontecer durante a quinzena de Aparições. A expectativa é coletiva. 
4ª Aparição - 19 de Fevereiro - A vidente Bernadette ouviu um tumulto de vozes selvagens que parecia saírem da terra e que foram estourar como uma grande explosão, sobre o rio Gave. As vozes mostravam muita revolta e raiva (eram demônios). Um deles gritou mais forte: "Bernardette, salva-te! Vai embora daqui! Vai embora daqui!" A jovem, assustada, pediu ajuda à Aparição. A Virgem Maria logo se virou para aquela direção, fazendo um semblante ameaçador e tudo cessou imediatamente.
5ª Aparição - 20 de fevereiro - A Virgem Maria ensinou como fazer bem o sinal da Cruz. A partir deste momento, muitas testemunhas  disseram que Bernardette fazia sempre o sinal da Cruz de modo digno, respeitoso e cheio de fé! Nossa Senhora ensinou também, pacientemente, palavra por palavra, uma oração só para Bernadette, que ela deveria repetir todos os dias.
6ª Aparição - 21 de fevereiro – A vidente escreve: “A Senhora desviou durante um instante de mim o seu olhar, que alongou por cima da minha cabeça. Quando voltou a fixá-lo em mim. Perguntei-lhe o que a entristecia e ela respondeu-me:

- Reza pelos pecadores, pelo mundo tão revolto.
Depois da Aparição do domingo, dia 21, o comissário (policial) Jacomet, levou-a para um minucioso interrogatório no qual certificou-se da simplicidade e da sinceridade da menina e ficou sabendo de outros detalhes da Aparição, apesar de intencionalmente querer confundi-la e forçá-la a não voltar à gruta.
Ela contou assim ao comissário:
- A Dama usava um vestido branco, apertado na cintura por uma fita azul, um véu branco na cabeça que descia até a altura do busto. O vestido era longo e cobria os pés, deixando aparecer só as extremidades, com uma rosa amarela em cada pé, da mesma cor da corrente do terço que trazia na mão direita. Olhava com suavidade e tinha os olhos completamente azuis.
O interrogatório terminou quando populares conseguiram colocar o pai, François Soubirous, na sala do comissário para proteger a filha. 
7ª Aparição - 23 de fevereiro.
A vidente, caminhando de joelhos e beijando o chão, vai do lugar onde se encontrava até à gruta. Nossa Senhora comunica-lhe um segredo que a ninguém podia revelar.
     
8ª Aparição - 24 de fevereiro.
Na quarta-feira, dia 24, a quantidade de pessoas era maior e já ofereceu uma certa dificuldade para ela chegar ao seu local na entrada da gruta. Haviam cerca de 300 pessoas ávidas de presenciarem algum fato novo. Algumas eram curiosas, mas a maior parte estava postada respeitosamente, em contrita oração, na certeza de que estavam na presença da Mãe de Deus.
Terminada a reza do terço, Bernadette avançou dois passos, arrastando-se de joelhos e prostrando-se com a face na terra, beija-a, atendendo ao pedido da Aparição, num gesto de penitência. O povo não entendeu. Mas depois ela explicou que a Aparição tinha falado uma palavra nova.
A Santíssima Virgem disse estas palavras:
"Reza a Deus pelos pecadores!
Penitência! Penitência! Penitência!
Beija a terra em penitência pela conversão dos pecadores!"
9ª Aparição - 25 de fevereiro
No dia seguinte, a movimentação ao redor de Massabieille começou cedo. Desde às duas horas da manhã as pessoas procuravam localizar-se nos melhoras lugares. No momento em que Bernadette chegou, havia mais de 350 pessoas. Como de costume, rezou o terço em êxtase, depois entregou a Eléonore Pérard, que estava a seu lado, a vela acesa que sempre levou nos seus encontros com a Aparição, dando-lhe também seu capuz. A seguir, sobe de joelhos a pequena declividade até o fundo da gruta. De trecho em trecho faz uma parada e beija o chão. Bem em baixo do nicho, onde encontrava-se a Visão, para e conversam.
A Senhora disse-me:
 “Vai beber à fonte e lavar-te nela”
A seguir arrasta-se de joelhos até o rio Gave. Lá, qualquer coisa a detém e ela volta, agora de pé, para o interior da gruta. Abaixa-se e arranha o chão com as mãos e depois cava, como se quisesse fazer um buraco. O orifício encheu-se de lama que ela recolhe e passa no rosto. Tentou três vezes pegar água, na quarta vez conseguiu.
A Senhora também disse-me:
"Come daquela erva que ali está!"
E comi ervas de folhas cheias de amebinos que cresceram no fundo da gruta.
Terminada a Aparição, volta com o rosto todo lambuzado de barro, causando de certa forma, consternação aos presentes.
A todos que lhe perguntava explicou:
- A Dama mandou eu beber água na fonte e lavar-me nela. Não vendo água, fui ao rio. Mas ela fez-me sinal com o dedo para ir debaixo da rocha. Depois de cavar, encontrei um pouco de água como se fosse lama, tão pouca que apenas pude tomar alguma na cova da mão. Três vezes a joguei fora, por estar muito suja. Na quarta vez pude beber. Depois recolhi e comi um pouco de ervas. Ela pediu-me que fizesse isto pelos pecadores.
À tarde, algumas pessoas voltaram à gruta e entre elas Elèonore Pérard. Observaram o buraco que Bernadete cavou, estava uma poça de água lamacenta. No meio dela Eléonore espetou um pau. Percebeu o ruído da água que corria. Algumas pessoas tentam bebê-la. A água começa a jorrar com mais força e vai ficando mais clara, à medida que cavam para recolhê-la.
Começam então a compreender a mensagem: 
"Uma fonte de água que lavará a alma suja dos pecadores, dos que se arrependem de seus desacertos, daqueles que têm fé em Deus, produzindo o milagre da conversão e da cura dos males". 
A notícia espalhou-se. Todos querem beber da água da fonte que brotou no terreno árido do fundo da gruta. Outros a recolhem e levam para seus parentes necessitados. Muitos comentários surgiram e as noticias de curas ouve-se por todas as partes.

Os primeiros milagres - 26 de fevereiro

A água milagrosa operou o primeiro milagre. O bom pároco de Lourdes havia pedido um sinal, em vez do pequeno que havia pedido. A Virgem acabava de dar um sinal muito grande, e não somente a ele, mas a toda a população. 
Havia em Lourdes um pobre operário de canteiros chamado Bourriette, que vinte anos antes havia tido o olho esquerdo severamente atingido por uma explosão de uma mina. Era um homem muito honrado e muito cristão, que mandou a filha buscar água na nova fonte e se pôs a rezar, embora estivesse um pouco suja, esfregou os olhos com ela. Começou a gritar de alegria. As trevas haviam desaparecido, não lhe restava mais do que uma leve nuvem, que foi desaparecendo enquanto lavava. Os médicos haviam dito que ele jamais se curaria. Ao examiná-lo novamente não sobrou outra alternativa que chamar o ocorrido por seu nome: Milagre. E o mais impressionante foi que o milagre havia deixado as cicatrizes e lesões profundas da ferida, mas havia devolvido mesmo assim a sua visão. Muitos milagres continuam ocorrendo em Lourdes, havendo no santuário sempre uma multidão de doentes.


Bernadette mais uma vez  é interrogada. Dessa vez pelo Procurador Imperial, senhor Dutour, que a exemplo do policial Jacomet, tentou por todos os meios dissuadi-la a não voltar à gruta, dizendo que aquilo era ilusão. Tudo em vão. Permaneceu tranqüila ao lado de sua mãe e até achou momentos para rir, quando o senhor Dutour mostrando-se nervoso, e, com a caneta na mão, não achava o buraco do tinteiro. Em face do interrogatório, Bernadette responsavelmente antes de tomar qualquer iniciativa foi ouvir a opinião de seus parentes sobre a proibição imposta pelo senhor Dutour de voltar à Massabieille. Sua tia Bernarda falou:
- Eu no seu lugar iria!
Sem dizer uma palavra, apanhou seu capuz e seguiu para a gruta. Lá encontravam-se mais de 600 pessoas. Foi rezado o terço e feitos alguns exercícios de penitência, mas "Aquerò" ou "Aquela" como ela chamava, não veio. 
10ª Aparição - 27 de fevereiro. Nesta visita, a Virgem Imaculada tornou a mandar beijar o chão em penitência pelos pecadores.
11ª Aparição - 28 de Fevereiro. A Senhora sorriu e não respondeu quando Bernadette lhe perguntou seu nome. Mais de 1.150 pessoas presenciaram diversas práticas de penitência e a reza do terço em êxtase. É como explicava:
- É por penitência, por mim primeiro, pelos outros depois.
12ª Aparição - 1º de março. A Aparição manda  Bernadette rezar o terço pelas suas contas e não pelas duma amiga, Paulina Sans, que lhe tinha pedido para usar as suas.
No dia seguinte, segunda-feira, 1º de março, a multidão foi calculada em 1.500 criaturas e viam-se pessoas de todas as classes. Para a curiosidade geral, desponta entre elas a batina preta do Padre Dêsirat. Ele não era de Lourdes e não sabia da proibição de visitar o local, imposta ao Clero pelo Abade Peyramale. Sua presença causa sensação e em poucos momentos vê-se na primeira fila, com sua miopia compensada por óculos de grossas lentes, numa posição bem próxima da vidente. A descrição que ele faz dos fatos diz tudo:
"O sorriso ultrapassa toda a expressão humana. O artista mais hábil, o ator mais consumado, nunca poderá reproduzir-lhe o encanto e a graça! Impossível imaginar. O que mais me tocou foi a alegria e a tristeza que se lhe desenhavam no rosto. Quando um destes fenômenos sucedia ao outro, era com a rapidez do relâmpago. No entanto nada de brusco: uma transição admirável. Eu tinha observado a criança quando ela chegou e se dirigia à gruta. Tinha-a observado com escrupuloso cuidado. Que diferença entre o que ela era e o que eu vi no momento da Aparição! Respeito, silêncio, recolhimento por toda a parte. Ó, como era bom estar lá! Eu julgava-me no vestíbulo do Paraíso".
Foi também neste mesmo dia, quando ocorreu a 12ª Aparição em que aconteceu mais um milagre considerado pelo Bispo realmente como "Obra de Deus":


"Catarina Latapié, que havia sofrido uma queda de uma árvore (carvalho), na qual subira para tirar bolotas para os porcos, teve o braço deslocado e dois dedos da mão direita dobrados e paralisados. O fato aconteceu em outubro de 1856 e o médico só conseguiu consertar o seu braço, mas os dedos não tiveram jeito. E isto a impedia de fazer o seu trabalho, não a deixava tricotar e nem fiar, estava sendo a sua ruína. Apesar de encontrar-se grávida de 9 meses, saiu a pé de sua casa na noite do dia 28 de fevereiro, para Lourdes, distante 7 quilômetros, levando os seus dois filhos mais novos. Catarina assiste a Aparição do dia 1º de março e faz fervorosas preces a Deus por intercessão de Nossa Senhora, pedindo a sua cura. Terminada a aparição, sobe até o fundo da gruta e mergulha a mão na fonte que tinha formado, cujas águas deslizavam mansamente formando um pequeno regato que corria para o rio Gave. Um estremecimento acompanhado de uma grande suavidade invadiu todo o seu ser. Ela sentiu de repente, voltar a flexibilidade aos seus dedos. Vibrou de alegria e chorou de satisfação. Emocionada iniciou os seus agradecimentos pela graça alcançada, quando subitamente sente uma violenta dor nas entranhas, como prenúncio do próximo nascimento de mais um filho. Num gesto ligeiro e contrito, ajoelha-se e com as mãos postas suplica:
- Virgem Santa, Vós que acabais de me curar, deixai-me chegar em casa!
Levantou-se, pegou nas mãos de seus filhos e seguiu para sua casa em Loubajac. Assim que chegou, mal teve tempo de chamar a parteira, deu à luz um sadio garoto que recebeu o nome de João Batista e que mais tarde tornou-se sacerdote."
 
13ª Aparição - 2 de março, eram mais de 1.650 pessoas em Massabieille. Com muita dificuldade Bernadete chegou ao "seu local".
Na Aparição a Senhora disse: 
  "Vai dizer aos sacerdotes que tragam o povo aqui em procissão e me construam uma Capela". 
Por essa razão, mais tarde, em companhia das tias Bernarda e Basília, foi encontrar-se com o Abade Peyramale, para levar-lhe a notícia. 

   Abade Peyramale, pároco de Lourdes na época das aparições

 O Senhor Abade Peyramale era um homem severo, de caráter íntegro e muito exigente na observância do direito e da ordem. Já tinha ouvido os comentários sobre Bernadette e as aparições na gruta, assim como as notícias de curas e os comentários maldosos do jornal local. Não se decidira sobre os fatos, mesmo porque não dispunha de elementos que lhe oferecesse condições de optar. Intimamente aceitava com simpatia a possibilidade da Aparição ser verídica, em face dos muitos comentários favoráveis. Mas na sua posição, não podia considerar comentários e nem indícios, era preciso haver alguma coisa sólida, que se mostrasse de modo concreto, para que pudesse apreciar os acontecimentos. E apesar de possuir um coração bondoso e paternal, o momento exigia que procedesse com cautela, até com rudeza, se fosse necessário, para deixar aparecer a verdade transparente.
- És tu que vais à gruta?
- Sim, Senhor Abade.
- E dizes que vês a Santíssima Virgem?
- Eu não disse que era a Santíssima Virgem.
- Então quem é essa Senhora?
- Eu não sei.
- Ah, tu não sabes! Mentirosa! E no entanto esses que fazes correr atrás de ti dizem e o jornal imprime, que tu pretendes ver a Santíssima Virgem. Então o que é que tu vês?
- Qualquer coisa que parece uma Senhora.
- Ora essa! Uma Senhora! Uma procissão!
Aborrecido olha para as duas tias que a acompanha e lembra-se que elas conceberam antes de se casarem, e desabafa:
- Que desgraça ter uma família destas que faz a desordem na cidade! Desapareçam daqui imediatamente!
As três saíram o mais depressa que puderam da presença do Abade.
Disse Bernadete:
- Não me tragam mais à casa do Senhor Abade!
Mas, logo que caminharam alguns passos, lembrou-se que não tinha transmitido toda a mensagem ao Senhor Abade. Esquecera-se de falar da "Capela". Quis voltar, mas as tias protestaram:
- Não contes comigo! Tu põe-nos doentes!
Depois de muito procurar outra pessoa para acompanhá-la, conseguiu que Dominiquette Cazenave a acompanhasse. Marcaram uma entrevista para as 19 horas. Estavam lá além do Abade Peyramale, os Padres Péne, Serres e Pomian (o confessor dela). Transmite a segunda parte do recado da Virgem: 
 "Vai dizer aos sacerdotes para construírem aqui uma Capela."

 - Uma Capela? Como para a procissão? Estás certa disso?
 - Sim, senhor Abade, estou certa.
 - Ainda não sabes como ela se chama?
 - Não , Senhor Abade.
 - Pois bem, é preciso perguntar-lhe. 
Depois de responder mais algumas perguntas dos outros padres, despediu-se, e com sua acompanhante voltou para casa. No dia seguinte mais de 3.000 pessoas a aguardavam na gruta. A multidão rezava ansiosa desde muito cedo. Mas a Visão não apareceu. Emais uma vez, como nos dias 22 e 26 de fevereiro, regressou perturbada. Todavia, neste mesmo dia, mais à tarde, voltou à gruta e desta vez encontrou-se com a Visão. 
Ao regressar à cidade, foi conversar com o Abade Peyramale: 
- Senhor Abade, a Senhora sempre quer a Capela.
- Perguntaste-lhe o nome?
- Sim, mas ela apenas sorriu.
- Zomba valentemente de ti. - Pois bem, se ela quer a Capela que diga o seu nome e faça florir a roseira da gruta. E então nós mandaremos construir uma Capela e não será muito pequena, será muito grande.

14ª aparição - 3 de março. A Senhora não aparece à hora habitual, mas sim ao entardecer e deu explicação:
“Não me viste esta manhã porque havia pessoas que desejavam examinar o que fazias enquanto eu estava presente. Mas elas eram indignas. Tinham passado a noite na gruta, profanando-a.”
  
15ª Aparição - 4 de marco de 1858 - Esse dia era aguardado com grande expectativa, porque seria o último da quinzena de aparições. A polícia pediu reforço policial de D'Argelès e de Saint Pé, cidades vizinhas de Lourdes, para ajudar na manutenção da ordem, no sentido de evitar tumultos. Para que Bernadette pudesse chegar ao local, fizeram uma passarela de madeira, que lhe facilitou o acesso. Ela veio acompanhada de sua prima Joana Véderè, que tinha 30 anos de idade, e ficaram juntas durante a Aparição.


Começaram a rezar o terço. Bernadete entrou em êxtase. Nessa ocasião, o comissário Jacomet tirou o seu caderninho de notas e escreveu: "34 sorrisos e 24 saudações em direção à gruta."  A multidão acompanhava tudo com o olhar.


Terminada a Aparição, Bernadete apagou a vela e, indiferente à presença de toda aquela gente, tomou o caminho de volta à sua casa. Muitos ficaram desapontados, porque esperavam algum milagre ou revelação. Mas nada aconteceu, que pudesse ser visto por todos. No ar ficaram muitas perguntas e uma grande expectativa: será que terminaram as Aparições? Bernadete foi encontrar-se com o Senhor Abade para lhe dar as notícias do encontro.
- Que te disse a Senhora?
- Perguntei-lhe o nome... Ela sorriu. Pedi-lhe para fazer florir a roseira, ela sorriu outra vez. Mas ainda quer a Capela.
- Tu tens dinheiro para fazer essa Capela?
- Não, Senhor Abade.
- Eu também não! Diz à Senhora que lhe dê!

O Abade Peyramale estava desconsolado por não ter obtido nenhuma informação segura sobre a Aparição. Bernadette também, mas sem poder fazer nada, voltou triste para casa. No dia 18 de março, ela foi submetida a um severo interrogatório e declarou: "Não penso ter curado quem quer que seja, e de resto, não fiz nada para isso. Não sei se voltarei à gruta."
Mas independentemente das Aparições continuarem ou não, a afluência era cada vez maior. Diariamente, muitas pessoas iam lá para rezar, para recolher água da fonte ou para bebê-la. Todos acreditavam que quem estivera lá fora a Santíssima Virgem Maria. 
Do dia 4 de março, quando ocorreu a última Aparição, ou seja a 15ª, até o dia 25 do mesmo mês, Bernadete procurava levar uma vida normal, ao lado de seus familiares, mas era impossível, porque a todo momento era solicitada para interrogatórios, por visitantes que faziam filas intermináveis à porta de sua casa, querendo conselhos, abraçá-la ou pedir-lhe que tocasse com as mãos objetos que levavam. Eram pessoas que buscavam graças e outras que vinham contar milagres alcançados por intermédio de Nossa Senhora. Não tinha mais sossego. Às vezes quase perdia a paciência:
- Tragam-me todos ao mesmo tempo.
De outras vezes, cansada, precisando de repouso. queria isolar-se:
- Fechem a porta à chave!


Bernadete jamais aceitou e não deixou que nenhum de seus familiares aceitassem gratificações em dinheiro ou presentes, por qualquer razão que fosse: "Isso envergonha-me! Queima-me! Por favor, não façam isso!"  


16ª Aparicão - 25 de março
Na manhã do dia 25 de Março de 1858, Bernadete sentiu-se novamente como que pressionada para ir à gruta. Dizia que era uma força estranha que nascia em seu interior, que não sabia explicar. Mas era muito cedo e seus pais lhe aconselharam a esperar o dia clarear. Às 5 horas da manhã já se pôs a caminho. Lá chegando, começou a rezar o terço e logo entrou em êxtase. Então se levantou e viu mais uma vez a Aparição diante de si.


Segundo seu relato, caminhou em direção à Aparição e conversaram. Bernadette perguntou: "Mademoiselle, quer ter a bondade de me dizer quem és, por favor?” - Mas "Aquero" mais uma vez sorriu e não respondeu. Bernadete insistiu no pedido, duas, três vezes, obtendo como resposta, um sorriso carinhoso e modesto da parte da Visão. Mas Bernadette tinha mesmo a necessidade de saber o nome dela, precisava levar esta notícia ao Abade, porque, em caso contrário, ele não construiria a Capela. Por isso, com mais amor e decisão insistiu uma quarta vez, suplicando a ela que dissesse o seu nome.


Desta vez a Aparição não mais sorriu, ficou séria. As mãos, que estavam unidas, afastaram-se, estendendo-se sobre a terra, e depois novamente se juntaram à altura do peito. Então, "Aquero" levantou os olhos ao Céu, num sinal de humildade e obediência a Deus, e disse: 
"EU SOU A IMACULADA CONCEIÇÃO!"






Dito isto, desapareceu. Bernadete retornou a si, e, para não se esquecer estas palavras, repetiu-as várias vezes em seguida, tropeçando nas letras, que mal sabia pronunciar. Fugiu das perguntas de todos e correu para a casa do Senhor Abade Peyramale. Lá chegando, antes mesmo de cumprimentá-lo, gritou, no seu dialeto "patois" de Lourdes: "Que soy era Immaculada Councepciou" - "Eu sou a Imaculada Conceição".
O Abade ficou perplexo: "Pequena menina orgulhosa, tu és a Imaculada Conceição?" - Mas Bernadette prontamente respondeu: "Não, não, não eu!"... O Abade Peyramale sentiu que estava diante de uma grande revelação: "A Virgem realmente concebeu milagrosamente, sem pecado". Apesar de ter sido decretado em 8 de dezembro de 1854 , o Dogma da Imaculada Conceição de Maria não era aceito por todos os católicos, principalmente por alguns teólogos que defendiam a universalidade absoluta da Redenção e do Pecado Original. - Isto é, atribuíam a Nossa Senhora o mesmo privilégio que teve São João Batista, de ter a Santificação antes do nascimento. Mas não aceitavam a imunidade do Pecado, quer dizer, não aceitavam que Maria Santíssima tivesse sido preservada do Pecado Original, mesmo considerando a sua condição especial de Mãe do Redentor. Por este motivo o Abade explodia intimamente de satisfação e se preocupava em querer saber da realidade, acima de qualquer dúvida ou engano. Por isso Peyramale insistiu:

- Uma Senhora não pode usar esse nome! Tu te enganaste! Sabes o que isso quer dizer?
Bernadete disse que não, abanando a cabeça.
- Então como podes dizê-lo, se não compreendes o que é?
 - Repeti por todo o caminho...

No silêncio que se seguiu, segundo testemunhas, Peyramale ficou pensativo, parecendo muito feliz e com um suave sorriso nos lábios. E a História viria a confirmar que, naquele momento, ele finalmente começava a acreditar! Foi quando Bernadette interrompeu o silêncio e disse:

         - Ela ainda quer a Capela!!!
 
17ª Aparicão - No dia 7 de abril, Bernadette sentiu-se novamente "pressionada" a voltar à gruta. Aquela força estranha e agradável a impulsionava para Massabieille. Como já havia passado das 15 horas, foi encontrar-se com o Padre Pomian no confessionário. Algumas pessoas que a observavam se incumbiram de espalhar os boatos. Logo, toda a cidade ficou na expectativa de algum acontecimento. No dia seguinte, quarta-feira da Páscoa, antes do sol nascer, ela já estava na gruta, acompanhada inicialmente por uma centena de pessoas que logo aumentou para cerca de mil, quando iniciou as orações do terço. Nas primeiras Ave-Maria, entrou em êxtase. O Dr. Dozous, que vinha estudando cientificamente e registrando o seu caso, surgiu no meio da multidão pedindo passagem, pois queria estar ao lado dela, para presenciar suas reações fisionômicas. Abrindo passagem entre o povo que rezava, dizia (conforme declarações posteriores): "Não venho como inimigo, mas em nome da ciência. Corri e não posso me expor às correntes de ar. Só eu posso verificar o fato religioso que aqui se dá, deixem-me passar e prosseguir este estudo".
Nesse dia, Bernadette utilizava uma grande vela que se apoiava no chão, fornecida por uma pessoa que dizia ter alcançado uma graça. Com sua mão tentava proteger a chama da vela da corrente de ar. Mas no transe em que se encontrava, não posicionou corretamente a mão esquerda em forma de concha sobre o pavio aceso, de modo que a chama da vela passava por entre os seus dedos. "Ela está se queimando!" - gritavam muitos. Mas o Dr. Dozous impedia que alguém fizesse algo. Ele não acreditava naquilo que seus olhos viam. Ora eram os sorrisos de Bernadete, ora sua fisionomia se tornava séria, em vários momentos, compartilhando duma tristeza da Aparição e a chama da vela que passava por entre seus dedos, sem queimá-los, sem provocar dores. Terminado o êxtase, o doutor examinou as mãos da vidente e não encontrou o menor sinal de queimadura. Para testar a sua sensibilidade, acendeu a vela e, sem que ela percebesse, aproximou a chama de sua mão. Ela gritou e protestou: "Está querendo me queimar!?” Dr. Dozous, antes cético, a partir daquele dia passou a divulgar o seu testemunho, convencido de que esteve diante do sobrenatural na Gruta de Massabieille. No Café Francês, ponto de convergência dos bate-papos, dr. Dozous proclamava com segurança a existência do extraordinário em Lourdes. Em dado momento, assim ele declarou:

"É um fato sobrenatural, para mim, ver Bernadete em êxtase, ajoelhada diante da gruta e segurando uma vela acesa, cobrindo a chama com a mão esquerda, sem que pareça sentir a mínima impressão do contato dela com o fogo. Examinei-a. Não encontrei nem o mais ligeiro sinal de queimadura".
 Dr. Dozous, que analisou Bernadete durante a aparição


18ª Aparição - 16 de julho. Como é festa de Nossa Senhora do Carmo, Bernadette assiste à missa e comunga na igreja.
Ao entardecer sente que Deus a chama para a gruta, como das vezes anteriores, e lá chegou por um caminho que ninguém suspeitou. Foi em companhia de sua tia Lucilia, camuflada com um capuz emprestado; mas não pode aproximar-se devido à sebe, e aos soldados que, por malvada ordem do governo, cercam o recinto.

A gruta cercada pelo governo

Junto à cerca de tábuas que isolava a gruta, encontrava-se um grupo de pessoas, que de joelhos e silenciosamente rezavam. Ela ajoelhou e acendeu sua vela. Duas congregadas marianas que a reconheceram, juntaram-se a ela e à sua tia, em silêncio. Apenas começara o terço, as suas mãos afastaram-se comovidas, numa saudação de alegria e surpresa. Nossa Senhora estava lá. A sua face iluminou-se e suas feições adquiriram uma indescritível formosura.
 A menina contempla a Senhora, de além do rio e da sebe.
Terminada a reza do terço, pelo seu rosto podia-se ver estampada a felicidade que brotava de seu íntimo, a alegria de mais uma vez ter-se encontrado com a MÃE de DEUS. Ela não comentou nada. No caminho de regresso, apenas disse:

“Não via o rio, nem as tábuas - explicará ela mais tarde. Parecia-me que entre mim e a Senhora, não havia mais distância que das outras vezes. Só via a ELA. Nunca a vi tão bela!”

Foi o último adeus da Senhora até ao céu. Aconteceu como se fosse uma visita de despedida. Nossa Senhora sempre bondosa, cheia de carinho e atenção, desceu à terra mais esta vez, para o derradeiro adeus à sua amiga.

Depois que as Aparições terminaram, Bernadette foi levada de Lourdes para Cauterets. Dali, transferiu-se para o abrigo-escola administrado pelas Irmãs de Caridade em Nevers. Prestou dois testemunhos diante da comissão episcopal que investigava suas aparições: o primeiro em 1858 e o segundo em 1860. Em 1862, o Bispo da sua Diocese declarou as Aparições dignas de confirmação e emitiu um decreto sancionando um culto de devoção no Santuário de Lourdes.
Bernadette entrou para a ordem das Irmãs de Caridade em 1866, tendo permanecido na casa matriz da ordem até a sua morte, aos 35 anos, em 1879. Foi beatificada pela Igreja em 1925, e, com a comprovação de quatro curas milagrosas, foi canonizada em 1933. Até hoje, ela permanece o padrão que a Igreja Católica adota para julgar os seus mistérios. Em seus primeiros anos morando com as freiras, a jovem Santa sofreu muito, não somente pela falta de saúde, como também por causa da Madre Superiora do lugar, que não acreditava em suas doenças, inclusive dizia que coxeava a perna, não pelo tumor que tinha, mas para chamar a atenção. Em sua comunidade, a santa dedicou-se a ser enfermeira e sacristã, e mais tarde, por nove anos esteve sofrendo uma dolorosa doença. Ao chegar-lhes os agudos ataques exclamava:
"O que peço a Nosso Senhor não é que me conceda saúde, mas que me conceda valor e fortaleza para suportar com paciência com minha enfermidade. Para cumprir o que recomendou a Santíssima Virgem, ofereço meus sofrimentos como penitência pela conversão dos pecadores."
Quando lhe faltava pouco para morrer, chegou um Bispo para visitá-la. Disse que estava a caminho de Roma, e que ela escrevesse uma carta ao Santo Padre para que lhe enviasse uma bênção, e que ele a levaria pessoalmente. Bernadette, com a mão estremecida, escreve ao Papa:
"Santo Padre, quanto atrevimento, que eu, uma pobre irmãzinha, escreva ao Sumo Pontífice. Mas o Senhor Bispo mandou que o fizesse. Peço uma benção especial para esta pobre doente."
De volta da viagem, o Bispo trouxe uma benção especialíssima do Papa e um crucifixxo de prata como presente do Santo Padre. Em 16 de abril de 1879, estando muito mal de saúde e tendo apenas 35 anos, exclamou emocionada:
"Eu vi a Virgem! Sim, a vi, a vi! Que formosa era!"
E depois de alguns momentos de silêncio disse emocionada:
"Rogai Senhora, por esta pobre pecadora!", e apertando o crucifixo sobre seu coração, faleceu.                         
 Depois de sua morte os milagres se multiplicaram. Em 150 anos foram registrados mais de 7.200 casos de curas extraordinárias, além de 67 curas comprovadamente milagrosas. Trinta anos após a morte de Bernadete, em 22 de setembro de 1909, foi aberto o seu caixão para recolher os restos mortais. Seu corpo estava perfeitamente intacto(!), a tez estava branca. Em 13 de abril de 1925, 16 anos depois, exumaram-na pela última vez. O corpo de Bernadette ainda estava intacto. Ela parecia adormecida. Então cobriram sua face e suas mãos com cera e a colocaram sobre cetim, seda e rendas. Ainda hoje está na Capela, onde recebe a visita de milhares de fieis todos os anos, no Convento de Saint Gildard, em Nevers, na região do Loire, França.
Este vídeo é uma visita recente ao convento onde está o seu corpo santo e incorrupto. Não deixe de ver.

A Mensagem da Virgem

A  Mensagem que a Santíssima Virgem deu em Lourdes, pode ser resumida nos seguintes pontos:

1- É um agradecimento do céu pela definição do dogma da Imaculada Conceição, que tinha sido declarado quatro anos antes por Pio IX (1854), ao mesmo tempo que assim apresenta Ela mesma como Mãe e modelo de pureza para o mundo que está necessitado desta virtude. 

2.- Derramou inumeráveis graças físicas e espirituais, para que nos convertamos a Cristo em sua Igreja. 

3.- É uma exaltação às virtudes da pobreza e humildade aceitas cristanamente, ao escolher a Bernadette como instrumento de sua mensagem. 

4.- Uma mensagem importantíssima em Lourdes é o da Cruz. A Santíssima Virgem repete que o importante é ser feliz na outra vida, embora para isso seja preciso aceitar a cruz. "Eu também te prometo fazer-te ditosa, não neste mundo, mas no outro." 

5.- Em todas as aparições veio com seu Rosário: A importância de rezá-lo. 

6.- Importância da oração, da penitência e humildade (beijando o solo como sinal disso); também, uma mensagem de misericórdia infinita para os pecadores e do cuidado com os doentes. 

7.- Importância da conversão e a confiança em Deus.


A Igreja e as Aparições da Virgem

Em 18 de janeiro de 1862 o bispo assinou a Carta Pastoral aprovando as aparições, seu caráter sobrenatural e a vida tão autêntica da vidente.

Em 1874, o Papa Pio IX concedeu ao Santuário de Lourdes, o título de Basílica. 

Em 1876: coroação solene da estátua da Virgem. 

O Papa Leão XIII  aprovou o ofício e missa de Lourdes.

Pio X chamou o Santuário de Lourdes de "Sede do poder e da misericórdia de Maria, onde ocorreram maravilhosas aparições da Virgem". Além disso, em 1907, estendeu a celebração da festa de Nossa Senhora de Lourdes à toda a Igreja universal. 

Pio XI afirmou: “Lourdes, onde a Virgem apareceu várias vezes à bem-aventurada Bernadette, onde exortou a todos os homens à penitência”. 

Elevou à honra dos altares a Santa Bernadette Soubirous em 8 de Dezembro de 1933.

Pio XII: escreveu a encíclica "A Peregrinação à Lourdes", o mais completo de todos os documentos sobre Lourdes. 

João XXIII: no encerramento do centenário das aparições de Lourdes, recordava o seguinte: "A Igreja, pela voz de seus Papas, não cessa de recomendar aos católicos que prestem atenção à mensagem de Lourdes" 

João Paulo II é o primeiro Papa a peregrinar até Lourdes, em 1983, pelos 125o aniversário das aparições. Ali celebrou a Santa Missa no dia 15 de Agosto, afirmando duas vezes: "Viemos em peregrinação a Lourdes, onde Maria disse a Bernadete: "Eu sou a Imaculada Conceição" e acrescentou: "Aqui falou com uma simples menina de Lourdes, rezou com ela o terço, deu-lhe várias mensagens", e o Papa concluiu dizendo: "a Virgem vem para salvar os pecadores".
Lourdes hoje:



Casa onde morava a família de Bernadette

Rio Gave, que atravessa a cidade de Lourdes

A capela que tanto Bernadette insistiu ao Abade para ser construída a pedido de Nossa Senhora, hoje é uma lindíssima Basílica


Interior da Basílica

2 comentários:

  1. Querida Cynthia,

    Que felicidade poder compartilhar tanta beleza, tanto amor. Estou muito emocionada. Pela Graça e Misericórdia de DEUS me chamo Maria de Lourdes, sempre ouvi muitas críticas de desavisados ridicularizando a “pobreza” da escolha que os meu pais fizeram; sempre gostei, sempre a relacionei à Mãe de Deus e à Senhora da Gruta: Nossa Senhora de Lourdes. Meu nome não é esse por acaso. Minha Mãe, Maria Luzia é a primogênita de uma jovem, fidelíssima à Nossa Senhora e que deu a luz aos 14 anos, seguindo os padrões da época (1931), de casamentos muito cedo. Aos oito anos foi para o Colégio Nossa Senhora do Rosário - das irmãs Dorotéias - que funcionava em Alagoa Grande, ali estreitou seus laços com a fé e conheceu melhor a história de nossos Santos e Santas. Meus irmãos são: José Álvaro e Fábio José, ambos com o nome daquele que juntamente com Maria e Jesus formam a Sagrada Família e, minhas irmãs, Paula Frassinette e Maria do Socorro, foram batizadas, respectivamente, uma em homenagem a Santa Paula– fundadora da Ordem das Dorotéias e a outra em louvor e agradecimento a Senhora do Perpétuo Socorro. Até os 15 anos morei em Santa Rita, na lateral da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes, diariamente visitava a gruta ali existente e onde se vê uma imagem da Virgem e de Bernadete de joelhos olhando para Ela. Todos os dias fazia ali uma Oração. O que vi e li na sua matéria enche-me de amor, alegria e esperança, pois sei que Deus e Nossa Mãezinha sempre estarão ao nosso lado na nossa caminhada, como aqueles passos na areia onde não se vê rastros – ao não ser os dos pés daquele que caminha - porque somos levados nos braços do Pai. Obrigada por esse presente. Um grande abraço. Lourdinha.

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  2. Simplesmente maravilhoso!!!! Eu já conhecia toda a história, mas não pude deixar de ler novamente. Inclusive a poucos dias ganhei da minha filha o filme Bernadete. Vale a pena conferir...Nossa Senhora é maravilhosa!!! pena que muitos ainda não a tem como mãe!!abraços. Catarina

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