Neste blog compartilho páginas de minha vida. Exponho minhas experiências, aprendizados, interesses, preferências, críticas, opiniões e também o meu dia-a-dia.
Ainda postarei a minha penosa aventura em busca do corpo perdido. Sigam-me os bons!!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Novo color blocking

Uma tendência de moda que ando observando nas vitrines e passarelas é uma espécie de novo color blocking (mistura de cores vivas no look). Falo do novo look de cor única, "ton sur ton" ou o famoso tom sobre tom.
Acho mais elegante que o color blocking original, e acredito que essa variação de tom de uma mesma cor não sai de moda nunca. Veja que composições charmosas que encontrei:


100 mil visualizações


Essa semana este blog atingiu a marca de 100 mil visualizações, em pouco mais de uma ano no ar. Isso me deixa feliz, mas não sei explicar bem o porquê. Obrigada a todos que passam por aqui no meu cantinho, isso quer dizer que algum assunto abordado aqui é do nosso interesse em comum. Obrigada também às amigas que até sentem falta das minhas postagens. Essas eu sei que me amam mesmo!! Agradeço também as pessoas que vêm apenas xeretar, fiquem à vontade, minha vida é simples, mas sem manchas. Conto flashs com orgulho e sem arrependimentos. Comentem mais. Obrigada a todos! Beijos!!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Você sabe o que é CHIA??

Originária do México, a CHIA é uma semente que foi muito consumida por civilizações antigas, principalmente por quem precisava de força e resistência física.

Novidade nas prateleiras brasileiras, a chia está prometendo um caminhão de vantagens para a saúde. Riquíssima em uma série de nutrientes, o grão também pode ser um grande aliado da dieta.




Ela está disponível no mercado de três formas: óleo, farinha e grão inteiro. O óleo pode ser usado como temperos de saladas e pratos em geral, e a farinha ou o grão podem ser adicionados em iogurtes, vitaminas, tortas, bolos, saladas, sucos, entre outras receitas.

"A porção diária recomendada é de 25 gramas, o equivalente a uma colher de sobremesa", diz a nutricionista Roseli Rossi. Caso você passe um pouco dessa recomendação, não há grandes problemas, mas é importante não exagerar e manter sempre a dieta equilibrada, pois a chia é um tanto calórica - são 164 calorias por porção da semente. 

Composição:

Entre os principais componentes está o ômega 3 - em teor mais elevado do que o encontrado na linhaça. Também tem fibras, cálcio, magnésio, potássio e proteína.

Porque ela ajuda a perder peso?

A chia age em três frentes distintas que auxiliam no emagrecimento:

· Causa saciedade: suas sementes são mucilaginosas, ou seja, ricas em fibras. Ao entrarem em contato com a água, formam um gel no estômago. Diante dessa reação, a digestão torna-se mais lenta. Assim, o indivíduo fica satisfeito mais rapidamente e, então, passa a consumir porções menores.

· Combate inflamação: a gordura é resultado de um processo inflamatório do organismo, que deixa de enviar mensagens de saciedade ao cérebro. Com isso, perde-se o controle sobre a fome a ponto de comer e nunca se sentir satisfeita. O ômega 3 presente no grão combate essa inflamação, ajudando o corpo a recuperar o controle sobre o apetite.

· Desintoxica: a fibra regula o trânsito intestinal e limpa o organismo por meio das fezes.

Outros benefícios:

Além de ajudar o corpo a entrar em forma, a chia colabora na redução do colesterol, controla a glicemia, ajuda na formação óssea, previne o envelhecimento precoce e melhora a imunidade do organismo.

Contra-indicações:

Qualquer pessoa pode ingerir a semente. Porém, devido ao alto teor calórico, o excesso pode levar ao ganho de peso. Logo, para emagrecer, coma apenas 25g diariamente (uma colher de sobremesa).

Como consumir?

A chia deve ser ingerida 30 minutos antes de duas das suas principais refeições diárias (café da manhã, almoço ou jantar).

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Cabra marcado para morrer


Esse é o título de um clássico documentário do cineasta Eduardo Coutinho (1985). Diferente de tudo que eu havia assistido. Sábado passado, mergulhei nessa parte da história do Brasil, uma retrato importante da vida política do nosso Nordeste e o do nosso país. Um filme interrompido pelo regime militar de 1964. Após 17 anos, o cineasta volta aos locais onde começara as filmagens e fora apreendidos os seus equipamentos. O resultado foi um excelente documentário sobre a luta do homem do campo por uma reforma agrária justa e a história de uma família, separada pela ditadura militar.

No último dia 2 de abril foi lembrado o cinquentenário da morte do agricultor, sindicalista e líder das Ligas Camponesas na Paraíba, João Pedro Teixeira, nas proximidades da cidade de Sapé-PB. Em 1962 ele foi assassinado covardemente numa emboscada, quando voltava pra casa carregando nas mãos livros  que levaria para seus filhos.

QUEM FOI ESSE HOMEM??
João Pedro Teixeira nasceu em 4 de março de 1918, em Pilõezinhos, naquele tempo um distrito do município de Guarabira (PB). É filho de um pequeno produtor do mesmo nome (João Pedro Teixeira) e Maria Francisca da Conceição do Nascimento.

Toda a revolta de João Pedro contra o modo de trabalho imposto aos camponeses começou com os ensinamentos de seu pai, que se envolveu em um conflito na propriedade, da qual era arrendatário. Não aceitou que o proprietário quisesse se apossar de uma parte das terras. A disputa começou na época em que nasceu o futuro líder das Ligas Camponesas, e durou seis anos. A tensão era muito grande, que num forró, dois filhos do dono com mais dois capangas provocaram uma briga. Para não morrer, João Pedro, pai, acabou matando os dois. Fugiu e nunca mais foi visto. Esta dor o filho carregou por toda a vida.

A mãe mudou-se para Guarabira e depois para Sapé. Levou a filha, mas João Pedro foi entregue aos avós. Quando o avô morreu, um irmão do pai terminou criando João Pedro Teixeira, em Massangana, em Cruz do Espírito Santo.

Ali João Pedro aprendeu a trabalhar na roça, mas quando ficou de maior, foi trabalhar na pedreira perto de Café do Vento. Aí conheceu Elisabeth com quem se casou em 26 de julho de 1942, tendo que fugir, pois os pais eram contra. Elisabete tinha 17 anos de idade; era a mais velha dos nove filhos de Manoel Justino da Costa e de Altina Maria da Costa.

De 1942 a 1944, o casal morou no Sítio Massangana, onde o gerente do Engenho Massangana era Luiz Pedro, tio de João Pedro, que os tratou como filhos. João Pedro ajudava o tio. Mas por discordar do tratamento que o tio dispensava aos trabalhadores acabou deixando o roçado. Abrigou Elisabeth e o bebê (Marluce) na casa da mãe dele em Sapé, e foi procurar serviço em Recife. Em janeiro de 1945, levou a família para Jaboatão, onde foi trabalhar numa pedreira. 

Logo apareceram as injustiças na pedreira e João Pedro se tornou o líder dos operários. Foi se aproximando do Partido Comunista e, em 1948, começaram as reuniões em sua casa. Criou o Sindicato dos Operários de Pedreiras, tendo ele sido eleito presidente. As perseguições não tardaram. João Pedro não conseguia mais emprego. Elisabeth conseguiu ganhar um pouco num mercado, mas a pobreza era demais. Euclides Justino da Costa, irmão mais velho de Elisabete, encontrou-os em 1954. Ficou com pena de vê-los, com 6 filhos, naquela penúria. Convidou-os a voltar para Sapé e tomar conta de um sítio recém comprado pelo pai de nome Antas do Sono, vizinho do Sítio do Pai. Mesmo com receio do pai, que não escondia não gostar do genro, pobre, preto e teimoso, voltaram para Sapé, na Paraíba, em maio de 1954. 

 Família de João Pedro Teixeira

Nessa época, João Pedro já conhecia as Ligas, no Engenho Galiléia, em Pernambuco. O sogro Manoel Justino até ajudou, dando alguns moradores da sua fazenda para limpar o roçado do genro, e preparar a terra para o plantio. Logo, João Pedro observou que estes moradores só traziam um pouco de farinha, rapadura e piaba para almoçar. Não tardou para descobrir que aquela era a situação de todas as famílias camponesas da redondeza. 

Em 1955, aconteceu o primeiro Encontro dos Camponeses de Sapé, na casa de João Pedro, com a presença de outros líderes como Nego Fuba (João Alfredo Dias) e Pedro Fazendeiro (Pedro Inácio de Araújo) - os dois primeiros desaparecidos políticos do Regime Militar de 1964.

A reação do pai de Elisabeth e de todos os latifundiários foi grande. João Pedro foi preso no dia seguinte e espancado. Mesmo assim a luta continua com reuniões relâmpagos nas fazendas, nas feiras e na sapataria de Nego Fuba, em Sapé. O movimento crescia, atraindo também gente graúda da cidade. A luta para eliminar o “cambão” (a obrigação de trabalhar um dia de graça na terra do proprietário) foi o principal argumento para criar uma entidade associativa para acolher os trabalhadores e organizá-los melhor.

Assim, em fevereiro de 1958, a Associação dos Lavradores Agrícolas de Sapé, conhecida pelo nome de “Ligas Camponesas de Sapé”, foi fundada, tendo João Pedro como vice-presidente. Ele também representava 14 Ligas Camponesas, na Federação das Liga Camponesas da Paraíba, da qual também era vice-presidente, em 1961. Nesta função viajava muito para João Pessoa para reuniões e reivindicações em benefício dos camponeses, junto ao governador Pedro Gondim.

As ações em defesa dos direitos dos camponeses eram feitas em mutirões com centenas de companheiros, que eram transportados em caminhões. Eram ações para arrancar cercas, plantar onde os patrões tinham destruído lavouras, reparar casas, defender companheiros prejudicados de todas as formas e as campanhas de massa. Com isso, as Ligas de Sapé cresceram, atingindo mais de 10 mil associados. 

O sogro Manoel Justino vendeu até o Sítio Antas de Sono, quando viu que nada mudava a cabeça de João Pedro e nem conseguiu mandá-lo embora deste sítio, com Elisabeth e as 11 crianças, em 1961. Com o novo dono, Antônio Vítor, e o apoio dos latifúndios, aumentaram as ameaças para expulsar João Pedro Teixeira, com tiros nas paredes da sua casa e todos os tipos de ameaças à sua família. Elisabete chegou a aconselhar João Pedro a ir para o Sul do país, para escapar das ameaças. Mas o líder dizia à esposa: “Você e meus filhos podem ir. Fico com os retratos, mas não me acovardo”. Nesta época João Pedro já era o presidente da Ligas de Sapé. 

As ameaças de morte contra ele circulavam em todos os locais de Sapé, através de capangas. Além dos problemas na Liga, João Pedro tinha que enfrentar o novo dono do Sítio, Antônio Vítor, e teve que se defender na justiça contra um processo de despejo. Com isso, já não dormia direito nos últimos meses de vida. “Ele se levantava todas as noites, ia de cama em cama e de rede em rede, ver todos os filhos, chorando; ele amava os filhos e era um esposo muito bom. João Pedro sabia que um dia não iria escapar. E sofria muito com isso, mas escondia. Abraçava e esposa todas as vezes que tinha que viajar, e, de vez em quando, lhe perguntava: “Elisabeth, quando eu morrer, você continuará a minha luta?”

Em 2 de abril de 1962, João Pedro tinha que se apresentar em João Pessoa, por causa do processo de despejo; o novo dono ia fazer um acordo. Chegando a João Pessoa, o advogado comunicou que a reunião tinha sido adiada para a tarde. Isso fazia parte da trama para matá-lo. Funcionou; conseguiram matar João Pedro neste dia, numa emboscada.

Saindo no último ônibus, indo a pé, já perto de sua casa, atiraram nas costas dele. Três tiros brutais, planejados por Antônio Vítor, Agnaldo Veloso Borges e Pedro Ramos Coutinho, como confessou o Cabo Chiquinho que praticou o crime com mais dois capangas.

“ …Seu peito atlético ficou tão estragado que à primeira vista não erraríamos em pensar que os latifúndios usaram foices em vez de fuzil. (…) seu corpo comprido cravado de balas e entornado de sangue, parecia a imagem de Jesus morto….”. (Jório Machado)

Elisabeth só soube da morte do marido na manhã seguinte. E ao ver o corpo, chorando disse “João Pedro, por mais de uma vez você me perguntou se eu daria continuidade à sua luta, e eu nunca te dei minha resposta. Hoje eu te digo, com consciência ou sem consciência de luta, eu marcharei na sua luta, pro que der e vier ”. Mais de cinco mil camponeses acompanharam o enterro. 


Elizabeth Teixeira, 86 anos, viúva de João Pedro Teixeira. Elizabeth, que, após a morte do marido, assumiu a liderança deste movimento em Sapé com 11 filhos, se diz "cansada pela história".

Elizabeth Teixeira em 2 de abril de 2012, na inauguração do "Memorial das Ligas Camponesas", antiga casa onde morava com a família, em Sapé-PB. "Sinto-me lisonjeada pela homenagem do governo, espero que a luta pela terra continue."


VALE À PENA LER
Discurso feito pelo tribuno Raymundo Asfora no dia 3 de abril de 1962 na ocasião de comício público realizado no Ponto de Cem Réis em João Pessoa, no dia seguinte à morte de João Pedro Teixeira.


"Um tiro franziu o azul da tarde e ensangüentou o peito de um camponês. Foi assim que João Pedro morreu. Eu o vi morto no hospital de Sapé. Peguei na alça do seu caixão e, ao lado de outros companheiros e milhares de camponeses, levei-o ao cemitério. Estava com os olhos abertos. A morte não conseguiu fechar os olhos de João Pedro. Brilhavam numa expressão misteriosa e estranha, como se tivessem sido tocados por um clarão de eternidade. Os seus olhos, os olhos de João Pedro, estavam escancarados para a tarde. E, dentro deles, eu vi – juro que eu vi – havia uma réstia verde que bem poderia ser saudade dos campos ou o fogo da esperança que não se apagara. Tinha sido avisado de que o perseguiam. Assistira, certa vez, ao lado da esposa, a uma ronda sinistra em torno do seu lar. Talvez soubesse tudo, mas aprendera, na poesia revolucionária do mundo, que é melhor morrer sabendo do que viver enganado.

Por que mataram João Pedro? Por que o trucidaram? E de emboscada? Mataram João Pedro porque ele havia sonhado com um mundo melhor para si e para os seus irmãos. Idealista puro, ele não compreendia nunca, na sua inteligência ágil e no seu raciocínio acertado, como todas as terras da Várzea do Paraíba pertenciam apenas a proprietários que poderia ser contados nos dedos de uma mão. E tantos homens sem terra e tantos homens aflitos e tantos homens com fome! Sonhara com a reforma agrária. Mas, não pensava na revisão dos estatutos das glebas empunhando uma foice ou um bacamarte, na atitude dos desesperados. Apelava, apenas, para a organização da opinião campesina, da opinião dos campos, porque organizada a opinião do povo, tudo mais ficaria organizado.

Nunca me deparei, paraibanos, com uma população rural tão penetrada e compenetrada de consciência de classe, do valor da disciplina e da coesão como os lavadores de Sapé. Foi João Pedro quem os convenceu, mobilizando-os, ardentemente, em cada feira e em cada roçado. Argumentando sempre, com uma fé inquebrantável, sobre a necessidade da formação do seu sindicato. De um sindicato igual aos vossos, trabalhadores de João Pessoa, respeitado pelos patrões, protegido e protetor. Por que os latifundiários não querem respeitar as ligas camponesas? Por quê? Não se organizam eles nas cidades? Nas associações comerciais, nas federações das indústrias, não freqüentam eles o Clube Cabo Branco, o Clube Astréa, os clubes do Recife e do Rio? Por que os camponeses não têm direito de ter a sua Liga?

O campo se priva de tudo para nos promover de tudo. Sem a enxada, que fecunda o ventre da terra, para a gravidez da semeadura e o parto da colheita, nada chegará às nossas mesas. A vida vem dos campos. Sem o suor, sem a fadiga dos campônios, jamais alcançaremos a fartura do povo, e a pobreza será cada vez mais infeliz e desamparada.Os latifundiários, todavia, na sua ganância, fingem desconhecer essa verdade, e na sua cupidez e na sua egolatria, negam aos pobres até o direito de ter fome. Fecham as suas propriedades ao cultivo, trazem-nas avaramente estagnadas, mandando matar aqueles que desejam transformá-las num instrumento de produção e de felicidade social. São tão mesquinhos, no seu egoísmo, que, na expressão de um ironista, deixariam o universo às escuras, se fosse proprietários do sol.

Eu vi João Pedro morto. Os seus olhos ainda estavam abertos. Eles tinham visto muito. Tinham visto quase tudo à sombra do Sobrado, povoado de Sapé, ouvira, talvez, contar na varanda de sua casa tosca, a história dos pais e dos avós que cultivaram aquelas terras. Sempre sob o regime do cambão, da terça e do cambito. Desse miserável cambão, dessa hedionda terça, desse desumano cambito, que deve ser varrido de nossa paisagem rural, nem que seja a golpes, nem que se a impacto das multidões revolucionárias nas praças.

Ouvira contar que, certa vez, o pai fora enxotado cruelmente, pelo capataz do amo, pelo simples fato de terem discutido sobre uma cuia de feijão. Sofria, ele próprio, as angústias daquele servilismo, doendo, agora, sobre o corpo exausto, com o suor da agonia que lhe escorria pela alma, fermentando, então, no íntimo, a convicção de que a dignidade humana não poderia ser tão aviltada. Urgia uma reação e João Pedro, à sombra do Sobrado, meditava e sonhava com um mundo melhor para os seus filhos. Eles não haveriam de amargar a mesma servidão. Sonhou. Haveria de pagar pelo crime de ter sonhado. O seu sonho era uma visão perigosa de liberdade. Os latifundiários não podem compreender que os corações dos humildes possam aninhar tão elevados sonhos. Contrataram sicários, armaram pistoleiros, puseram-se na tocaia. João Pedro deveria ser eliminado.

Acuso, perante o governo e a Paraíba, que há um sindicato da morte implantado na Várzea para ceifar a vida dos homens do campo. Ninguém se iluda: aquilo não foi mandado de um homem só. Todos devem se levantar em favor da luta dos camponeses. Todos, principalmente vós, pessoense, depositários da vida indômita da raça tabajara, para que, em face da violência e da opressão, os camponeses não se sintam desamparados. Mataram João Pedro. Nunca mais poderei os seus olhos. Os olhos dos mortos não choram. Ele nos deixou, no transe derradeiro da vida, a dignidade final da sua morte. Sigamos o seu último exemplo. Ninguém derramará mais lágrimas. Os seus olhos queriam dizer que os camponeses, de tanto verterem suor, não têm, sequer pranto para derramar outras lágrimas.

Paraibanos, esta cruzada é diferente das demais porque é maior do que todas as outras. Não há um candidato, não há partido político, não há um interesse exclusivista a ser defendido. Esta insurreição é hoje na história da Paraíba o seu grande apostolado. Ou defendemos o homem do campo, numa onda de solidariedade pacífica e irreprimível, pressionando as elites dirigentes para uma revisão da estrutura jurídica vigente, que os depaupera e degrada, efetivando urgentemente a reforma das leis agrárias, ou o Brasil será a pátria traída pelo poder econômico que já nos vem atraiçoando nos governos da República e no parlamento nacional.

É inútil matar camponeses. Eles sempre viverão. Antes de morrer, João Pedro era apenas a silhueta de um homem no asfalto. Mas, agora, paraibanos, João Pedro virou zumbi, virou assombração. É uma sombra que se alonga pelos canaviais, que bate forte na porta das casas grandes e dos engenhos, que povoa a reunião dos poderosos, que grita na voz do vento dentro da noite, e pede justiça, e clama vingança. Que passeia pelas estradas de Sapé, que fala, pela boca de milhares de criaturas escravizadas, a mesma língua que, com a sua morte, não se perdeu porque a mensagem dos verdadeiros líderes não se esgota.

Pessoenses: meditemos profundamente na destruição de João Pedro, da tremenda cilada que armaram contra o inesquecível líder, na carga de ódio que caiu sobre si com o peso de um destino. Ele sofreu no próprio sangue a grave ameaça que existia contra todos nós. Que todos os patriotas dobrem o joelho diante do seu túmulo".

Raymundo Asfora
 
Obs. Não restou sequer uma foto de J.P. Teixeira enquanto vivo. A única foto conhecida dele é do seu corpo morto, que prefiro não publicá-la aqui.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Inveja, calúnia e humanidade




 "Vivemos em uma sociedade repleta de falhas no caráter humano. Entre as piores estão a inveja e a calúnia. Os invejosos e caluniadores são sempre pessoas frustradas, capazes das piores desonestidades e que procuram DESTRUIR AQUILO QUE INCONSCIENTEMENTE ADMIRAM. Como não têm coragem de lutar pelos seus sonhos ou dedicar grande parte da vida a estudos e /ou trabalho, preferem DESTRUIR aqueles ou aquelas que conquistaram algo por seus esforços e tenacidade ou simplesmente SÃO FELIZES. Aliás, basta seu jardim ter mais beleza que o do vizinho.

Os invejosos e caluniadores são sempre capazes, a partir dessa característica cognitivo-emocional, de realizar ações que SIMBOLIZAM O PIOR DO SER HUMANO. São capazes de ODIAR FINGINDO AMAR; são capazes de matar fingindo querer curar; são capazes de gerar intrigas FINGINDO TER O ALTRUÍSMO DE AMIZADE. Esse fato pode ser estudado dentro da Psicologia e, até mesmo, da Psicopatologia.

Vejamos que na Bíblia (não entro na questão da Fé, de acreditar ou não, quero me ater ao que está narrado), o primeiro assassinato da humanidade teria sido o de Abel que foi morto pelas mãos do seu irmão Caim. ABEL FEZ ALGUM MAL REAL A CAIM: não! Qual foi o motivo do crime? INVEJA.


Na mesma Bíblia o menino José foi vendido como escravo pelos próprios irmãos mais velhos porque tinham Inveja da atenção que o pai dedicava ao caçula.  A Literatura é uma das maiores traduções da dimensão existencial humana, é reveladora do abismo sinistro onde habita o que há de melhor e o que há de pior dos sentimentos e atitudes humanas. É reveladora do espírito humano.

Entre tantos nomes universais, podemos citar Shakespeare, em uma única obra, por exemplo, ele revela como o personagem Iago através da inveja e da calúnia destruiu a história de amor entre Otelo e Desdêmona. Bastou insinuar venenosamente que Cássio, amigo de Otelo, o traia com sua esposa, o final foi escrito com o sangue que alimenta o vampirismo caluniador. No entanto, esse mesmo sangue trás dor e tristeza aos que fazem da solidariedade e da fraternidade Esperança da espécie Humana.

Em Hamlet o fantasma do pai denuncia que foi assassinado pelo próprio irmão Cláudio, que se apodera carnalmente da Rainha Gertrudes com seu cadáver ainda com restos de calor de vida. O fato é que, ao longo da História e das histórias cotidianas, INVEJOSOS CONSEGUEM DESTRUIR INOCENTES, QUE MUITAS VEZES SÃO JULGADOS E CONDENADOS COVARDEMENTE, SEM DIREITO A NENHUMA DEFESA.

Só o diálogo fraterno e o Amor podem suplantar essa face obscura de negação da humanidade."


(Dimas Lucena - Psicólogo e Professor)

terça-feira, 10 de abril de 2012

Andre Rieu

 André Rieu - violinista que toca sempre como um sorriso no rosto

Há uma semana saio de casa cedinho e vou ouvindo constantemente no carro o CD "Love Around the World" (André Rieu). Eu sempre apreciei muito a valsa, ouvia muito Strauss quando pequena e senti uma forte inclinação desse músico para esse estilo, em suas interpretações. Puxa vida, agradeço a Deus ainda termos artistas desse gabarito, tão clássico e ao mesmo tempo tão contemporâneo. O CD pelo qual estou apaixonada é o mais novo brinquedo de minha filha, que graças a Deus, aprendeu a valorizar o som do violino e curtir música de qualidade.

Mas quem é esse Showman tão prestigiado no mundo?


André Rieu Marie Nicolas Leon, conhecido como André Rieu é um violinista e regente holandês.

Aos 60 anos, André Rieu, conhecido como o "Embaixador das valsas", divide o topo das paradas pop da Alemanha. França e Holanda, junto a nomes como Celine Dion, Madonna, Britney Spears e Michael Jackson. Além disso, suas performances primorosas e modernas valeram-lhe os melhores postos das paradas clássicas da Billboard (revista semanal norte-americana especializada em informações sobre a indústria musical). O resultado são dez milhões de discos vendidos e uma carreira de sucesso em mais de trinta países.
Filho de um diretor de orquestra que fez dos seis filhos músicos, André já tocava violino aos cinco anos. Mas foi só quando tocou sua primeira valsa, enquanto estudava no conservatório, que a paixão pela música surgiu. Como violinista da Orquestra Sinfônica de Limburg (Alemanha), ele mantinha atividades musicais paralelas, gravando discos independentes. O CD Strauss & Co, lançado em 1994, chegou aos EUA com o título "Da Holanda, com Amor", e na França, Espanha e Brasil como "Valsas". Os vários nomes não atrapalharam em nada a trajetória do álbum que transformou o artista em um fenômeno de crítica e vendas, com repercussão em seus trabalhos seguintes, como "The Vienna I Love", "André Rieu In Concert" e "The Christmas I Love", "Love Around the World", entre muitos outros.
Ele fala com fluência o dialeto Holandês, Inglês, Alemão, Francês, Italiano e Espanhol, atualmente está a frequentar aulas de Português (porém acha difícil o som nasal da língua Portuguesa).
André Rieu é casado com Marjorie desde 1975 e tem dois filhos, Marc (nascido em 1977) e Pierre (nascido em 1981). Tem ainda três netos: Ivan e as gêmeas Linde e Lieke.

Os shows de André Rieu são muito concorridos no mundo todo e a mídia já anunciou que o músico e sua " THE JOHANN STRAUSS ORCHESTRA" farão em breve uma de suas apresentações em território brasileiro.

Acesse o site oficial AQUI

Os ingressos estão se esgotando:
http://www.ingressosoficial.com.br/andrerieu/dia-03-07.html


Faça o teste: ouça este vídeo no som bem alto. Se você se arrepiar pelo menos uma vez, pode estar certo (a) que você é apreciador (a) da boa música.




segunda-feira, 9 de abril de 2012

Paixão de Cristo



Dentro das monumentais muralhas de Nova Jerusalém, em Brejo da Madre de Deus-PE, a Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STFN) encerrou ontem a temporada 2012 da Paixão de Cristo. A passagem mais conhecida da história da humanidade tornou-se, há mais de quatro décadas, um dos maiores acontecimentos teatrais do Brasil. Com 100 mil m², a cidade-teatro fica a 180 Km de distância do Recife.



O maior teatro ao ar livre do mundo e a Paixão de Cristo nele encenada tornaram-se, recentemente, Patrimônio Cultural Material e Imaterial de Pernambuco. Um espetáculo único, encantador e muito especial. Este ano o ator pernambucano José Barbosa interpretou Jesus, depois de 10 anos de uma sucessão de intérpretes globais.
Assistida por mais de dois milhões e meio de pessoas, a cidade-teatro encanta turistas nacionais e internacionais. Ao todo são nove palcos cercados por uma muralha de 3.500 m e 70 torres. Todas as noites, em pouco mais de duas horas, a multidão segue os passos de Jesus e seus seguidores. Sob o céu estrelado do agreste pernambucano, o realismo das cenas, da fisionomia e dos trajes dos personagens, transformam meros espectadores em figurantes massivos.

Em 1995, lembro que, com o coração apertado, deixei em casa minha filha com apenas 3 meses e tive a oportunidade de ir assistir esse belíssimo e emocionante espetáculo, o qual tinha imensa curiosidade. Valeu a Pena!!




José Barbosa - ator pernambucano que estreou no papel de Jesus este ano


MAS QUEM FOI QUE INVENTOU TUDO ISSO?

PLÍNIO PACHECO - idealizador e construtor da cidade-teatro de Nova Jerusalém. Faleceu em 2002.


Gaúcho de Santa Maria, Plínio Pacheco tinha formação em comunicação pela Força Aérea Brasileira (FAB), mas gostava de dizer que era jornalista autodidata. Chegou à Fazenda Nova em 1956, a convite do então diretor e ator Luis Mendonça, que na época, interpretava o papel de Jesus no espetáculo da Paixão de Cristo. A peça era representada nas ruas da pequena vila, distrito do município de Brejo da Madre de Deus, com a participação de camponeses, de pequenos comerciantes locais e também de alguns atores e técnicos que atuavam nos teatros de Recife.
Plínio conheceu Diva Mendonça, filha mais nova de Epaminondas Mendonça, criador do espetáculo nas ruas da vila. Plínio e Diva casaram-se, e com o tempo, foram se envolvendo cada vez mais com a produção e coordenação da encenação da Paixão de Cristo.
Em 1962, Plínio Pacheco teve uma idéia. Na verdade, um grande sonho, um sonho de pedra. Plínio vislumbrou a construção de uma réplica de Jerusalém em pleno coração do agreste pernambucano. O lugar, assim como a antiga Judéia, possuía muitas rochas, vegetação rasteira, clima semi-árido e o espaço de terra escolhido para se levantar a cidade-teatro era emoldurado por montanhas.
Em 1963, os cenários começaram a ser erguidos num espaço de 100 mil metros quadrados, equivalente a 1/3 da área murada da Jerusalém da época de Jesus. Plínio Pacheco não só idealizou e construiu a obra em pedra e concreto, mas, também, uma obra literária.
Em 1967, escreveu o texto da peça teatral "Jesus" que seria encenado pela primeira vez em 1968 em Nova Jerusalém já com seus palácios e muralhas iniciados. 44 anos depois, a cidade-teatro, que a cada ano ganha novas intervenções para melhorar as condições de encenação do espetáculo e o conforto do público, já recebeu mais de 2,5 milhões de pessoas, vindas dos quatro cantos da terra para assistir ao mega-espetáculo da Paixão de Cristo.

"A vida colocou-me diante da pedra e da figura de granito que é o homem nordestino. Aquele era meu povo, cantando num cenário de sol. Criar a cidade-teatro. Uma cidade de sete portas e setenta torres. Unir fragmentos dispersos da personalidade humana, transformar homens mutilados em seres humanos completos. A força maior levando aos quadrantes da terra a notícia desta epopéia em granito. A construção da Nova Jerusalém. ...Erguida com 80% de recursos próprios, é uma sociedade privada, sem fins lucrativos. É claro que reconheço e todos sabem que tenho como princípio, que ninguém constrói nada sozinho. Diante disto, tenho a obrigação moral de tornar pública a gratidão da Nova Jerusalém e da Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STFN) a todos que aqui colocaram pedras, reais ou simbólicas. Mas, nós devemos ter a humildade e reconhecer que essas pedras, pertencem ao patrimônio cultural e artístico do País. Nova Jerusalém é patrimônio do povo. E cidadão nenhum tem o direito de reivindicar gratidão do seu País, porque é obrigação, particular e pública, de cada cidadão ampliar e multiplicar o patrimônio que recebeu dos seus antepassados."
(Plínio Pacheco)

domingo, 1 de abril de 2012

Fotos do fundo do baú

Descobri, há pouco tempo, que eu fui a adolescente mais feia de três gerações.
Observem essas fotos abaixo que entenderão o que digo:

Minha mãe aos 15 anos - Bela!!

Minha filha aos 15 anos - Linda!!

Eu, aos 15 anos...Desculpem...