segunda-feira, 9 de abril de 2012

Paixão de Cristo



Dentro das monumentais muralhas de Nova Jerusalém, em Brejo da Madre de Deus-PE, a Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STFN) encerrou ontem a temporada 2012 da Paixão de Cristo. A passagem mais conhecida da história da humanidade tornou-se, há mais de quatro décadas, um dos maiores acontecimentos teatrais do Brasil. Com 100 mil m², a cidade-teatro fica a 180 Km de distância do Recife.



O maior teatro ao ar livre do mundo e a Paixão de Cristo nele encenada tornaram-se, recentemente, Patrimônio Cultural Material e Imaterial de Pernambuco. Um espetáculo único, encantador e muito especial. Este ano o ator pernambucano José Barbosa interpretou Jesus, depois de 10 anos de uma sucessão de intérpretes globais.
Assistida por mais de dois milhões e meio de pessoas, a cidade-teatro encanta turistas nacionais e internacionais. Ao todo são nove palcos cercados por uma muralha de 3.500 m e 70 torres. Todas as noites, em pouco mais de duas horas, a multidão segue os passos de Jesus e seus seguidores. Sob o céu estrelado do agreste pernambucano, o realismo das cenas, da fisionomia e dos trajes dos personagens, transformam meros espectadores em figurantes massivos.

Em 1995, lembro que, com o coração apertado, deixei em casa minha filha com apenas 3 meses e tive a oportunidade de ir assistir esse belíssimo e emocionante espetáculo, o qual tinha imensa curiosidade. Valeu a Pena!!




José Barbosa - ator pernambucano que estreou no papel de Jesus este ano


MAS QUEM FOI QUE INVENTOU TUDO ISSO?

PLÍNIO PACHECO - idealizador e construtor da cidade-teatro de Nova Jerusalém. Faleceu em 2002.


Gaúcho de Santa Maria, Plínio Pacheco tinha formação em comunicação pela Força Aérea Brasileira (FAB), mas gostava de dizer que era jornalista autodidata. Chegou à Fazenda Nova em 1956, a convite do então diretor e ator Luis Mendonça, que na época, interpretava o papel de Jesus no espetáculo da Paixão de Cristo. A peça era representada nas ruas da pequena vila, distrito do município de Brejo da Madre de Deus, com a participação de camponeses, de pequenos comerciantes locais e também de alguns atores e técnicos que atuavam nos teatros de Recife.
Plínio conheceu Diva Mendonça, filha mais nova de Epaminondas Mendonça, criador do espetáculo nas ruas da vila. Plínio e Diva casaram-se, e com o tempo, foram se envolvendo cada vez mais com a produção e coordenação da encenação da Paixão de Cristo.
Em 1962, Plínio Pacheco teve uma idéia. Na verdade, um grande sonho, um sonho de pedra. Plínio vislumbrou a construção de uma réplica de Jerusalém em pleno coração do agreste pernambucano. O lugar, assim como a antiga Judéia, possuía muitas rochas, vegetação rasteira, clima semi-árido e o espaço de terra escolhido para se levantar a cidade-teatro era emoldurado por montanhas.
Em 1963, os cenários começaram a ser erguidos num espaço de 100 mil metros quadrados, equivalente a 1/3 da área murada da Jerusalém da época de Jesus. Plínio Pacheco não só idealizou e construiu a obra em pedra e concreto, mas, também, uma obra literária.
Em 1967, escreveu o texto da peça teatral "Jesus" que seria encenado pela primeira vez em 1968 em Nova Jerusalém já com seus palácios e muralhas iniciados. 44 anos depois, a cidade-teatro, que a cada ano ganha novas intervenções para melhorar as condições de encenação do espetáculo e o conforto do público, já recebeu mais de 2,5 milhões de pessoas, vindas dos quatro cantos da terra para assistir ao mega-espetáculo da Paixão de Cristo.

"A vida colocou-me diante da pedra e da figura de granito que é o homem nordestino. Aquele era meu povo, cantando num cenário de sol. Criar a cidade-teatro. Uma cidade de sete portas e setenta torres. Unir fragmentos dispersos da personalidade humana, transformar homens mutilados em seres humanos completos. A força maior levando aos quadrantes da terra a notícia desta epopéia em granito. A construção da Nova Jerusalém. ...Erguida com 80% de recursos próprios, é uma sociedade privada, sem fins lucrativos. É claro que reconheço e todos sabem que tenho como princípio, que ninguém constrói nada sozinho. Diante disto, tenho a obrigação moral de tornar pública a gratidão da Nova Jerusalém e da Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STFN) a todos que aqui colocaram pedras, reais ou simbólicas. Mas, nós devemos ter a humildade e reconhecer que essas pedras, pertencem ao patrimônio cultural e artístico do País. Nova Jerusalém é patrimônio do povo. E cidadão nenhum tem o direito de reivindicar gratidão do seu País, porque é obrigação, particular e pública, de cada cidadão ampliar e multiplicar o patrimônio que recebeu dos seus antepassados."
(Plínio Pacheco)

Um comentário:

  1. Boa noite Cynthia,

    É realmente algo majestoso o espetáculo de Nova Jerusálem. Estive lá, agora, foi um sonho que acalantei por vários anos. O teatro ao ar livre nos dá a snsação de fazermos parte do elenco; os deslocamentos para cada um dos cenários, em meio a pedras, vegetação, povo e figurantes leva-nos a um clima de integração. É emoção a flor da pele.
    Quem nunca viu, não pode perder. Quem já viu deve rever.
    Como sempre voce nos brinda com um assunto maravilhoso, fotos lindas e um jeito todo seu de contar.
    Parábens. Lourdinha

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