Dentro das monumentais muralhas de Nova Jerusalém, em Brejo da Madre de Deus-PE, a Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STFN) encerrou ontem a temporada 2012 da Paixão de Cristo. A passagem mais conhecida da história da humanidade tornou-se, há mais de quatro décadas, um dos maiores acontecimentos teatrais do Brasil. Com 100 mil m², a cidade-teatro fica a 180 Km de distância do Recife.
O maior teatro ao ar livre do mundo e a Paixão de Cristo nele encenada tornaram-se, recentemente, Patrimônio Cultural Material e Imaterial de Pernambuco. Um espetáculo único, encantador e muito especial. Este ano o ator pernambucano José Barbosa interpretou Jesus, depois de 10 anos de uma sucessão de intérpretes globais.
Assistida por mais de dois milhões e meio de pessoas, a cidade-teatro encanta turistas nacionais e internacionais. Ao todo são nove palcos cercados por uma muralha de 3.500 m e 70 torres. Todas as noites, em pouco mais de duas horas, a multidão segue os passos de Jesus e seus seguidores. Sob o céu estrelado do agreste pernambucano, o realismo das cenas, da fisionomia e dos trajes dos personagens, transformam meros espectadores em figurantes massivos.
Em 1995, lembro que, com o coração apertado, deixei em casa minha filha com apenas 3 meses e tive a oportunidade de ir assistir esse belíssimo e emocionante espetáculo, o qual tinha imensa curiosidade. Valeu a Pena!!
José Barbosa - ator pernambucano que estreou no papel de Jesus este ano
MAS QUEM FOI QUE INVENTOU TUDO ISSO?
PLÍNIO PACHECO - idealizador e construtor da cidade-teatro de Nova Jerusalém. Faleceu em 2002.
Plínio conheceu Diva Mendonça, filha mais nova de Epaminondas Mendonça, criador do espetáculo nas ruas da vila. Plínio e Diva casaram-se, e com o tempo, foram se envolvendo cada vez mais com a produção e coordenação da encenação da Paixão de Cristo.
Em 1962, Plínio Pacheco teve uma idéia. Na verdade, um grande sonho, um sonho de pedra. Plínio vislumbrou a construção de uma réplica de Jerusalém em pleno coração do agreste pernambucano. O lugar, assim como a antiga Judéia, possuía muitas rochas, vegetação rasteira, clima semi-árido e o espaço de terra escolhido para se levantar a cidade-teatro era emoldurado por montanhas.
Em 1963, os cenários começaram a ser erguidos num espaço de 100 mil metros quadrados, equivalente a 1/3 da área murada da Jerusalém da época de Jesus. Plínio Pacheco não só idealizou e construiu a obra em pedra e concreto, mas, também, uma obra literária.
Em 1967, escreveu o texto da peça teatral "Jesus" que seria encenado pela primeira vez em 1968 em Nova Jerusalém já com seus palácios e muralhas iniciados. 44 anos depois, a cidade-teatro, que a cada ano ganha novas intervenções para melhorar as condições de encenação do espetáculo e o conforto do público, já recebeu mais de 2,5 milhões de pessoas, vindas dos quatro cantos da terra para assistir ao mega-espetáculo da Paixão de Cristo.
"A vida colocou-me diante da pedra e da figura de granito que é o homem nordestino. Aquele era meu povo, cantando num cenário de sol. Criar a cidade-teatro. Uma cidade de sete portas e setenta torres. Unir fragmentos dispersos da personalidade humana, transformar homens mutilados em seres humanos completos. A força maior levando aos quadrantes da terra a notícia desta epopéia em granito. A construção da Nova Jerusalém. ...Erguida com 80% de recursos próprios, é uma sociedade privada, sem fins lucrativos. É claro que reconheço e todos sabem que tenho como princípio, que ninguém constrói nada sozinho. Diante disto, tenho a obrigação moral de tornar pública a gratidão da Nova Jerusalém e da Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STFN) a todos que aqui colocaram pedras, reais ou simbólicas. Mas, nós devemos ter a humildade e reconhecer que essas pedras, pertencem ao patrimônio cultural e artístico do País. Nova Jerusalém é patrimônio do povo. E cidadão nenhum tem o direito de reivindicar gratidão do seu País, porque é obrigação, particular e pública, de cada cidadão ampliar e multiplicar o patrimônio que recebeu dos seus antepassados."
(Plínio Pacheco)
Boa noite Cynthia,
ResponderExcluirÉ realmente algo majestoso o espetáculo de Nova Jerusálem. Estive lá, agora, foi um sonho que acalantei por vários anos. O teatro ao ar livre nos dá a snsação de fazermos parte do elenco; os deslocamentos para cada um dos cenários, em meio a pedras, vegetação, povo e figurantes leva-nos a um clima de integração. É emoção a flor da pele.
Quem nunca viu, não pode perder. Quem já viu deve rever.
Como sempre voce nos brinda com um assunto maravilhoso, fotos lindas e um jeito todo seu de contar.
Parábens. Lourdinha