quinta-feira, 7 de julho de 2011

Florbela Espanca


Poetisa portuguesa, nasceu em 1894, em Vila Viçosa. Teve uma vida triste, atribulada e cheia de mágoas. Suas poesias, quase sempre em forma de soneto, abordam temas como a solidão, saudade, tristeza, desejo, sedução e morte. Faleceu no dia em que completou 36 anos, após ingerir dois frascos de barbitúricos.

 Estátua de Florbela Espanca no Parque dos Poetas, em Oeiras, Portugal (2003)


EU

"Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!"

FANATISMO

"Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah!  Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

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